VISÃO: Isabel Barata – Diretora Academia EDA

Pode fazer uma breve apresentação do seu percurso profissional?
 

Comecei o meu percurso em Recursos Humanos, depois enveredei alguns anos pela Comunicação, e nos últimos anos tinha essencialmente desenvolvido funções de gestão. Para além da EDA, passei pela administração pública e pela SATA (companhia de aviação). O ano passado foi-me lançado o desafio de voltar à área de desenvolvimento de pessoas, que aceitei com agrado.

 
Na sua atual posição, como Diretora da Academia EDA, quais as tendências de formação que prevê para 2021/2022?
 

A formação profissional teve forçosamente de se adaptar às novas condicionantes, passando assim de presencial a digital. Tem sido muito referido nestes tempos que as crises podem constituir oportunidades. Acho que foi isso que aconteceu com a formação e com o trabalho. Fomos todos confrontados com a necessidade de mudar, passando a recorrer aos meios digitais para assegurarmos as nossas funções profissionais, aprendizagens e convívio. Se tal implicou em alguns um certo desconforto com a ausência da proximidade física, descobrimos, por outro lado, que não precisamos de investir tantos recursos materiais e de tempo para cumprirmos todas estas funções. Além disso estamos a poupar o planeta. Quem era mais resistente à transição digital, teve de deixar de o ser. Penso que a formação em formato digital, mesmo quando o mundo voltar a ser “normal”, vai passar a ser um recurso com uma importância diferente do que acontecia antes de tudo isto ter acontecido…

 
Em que medida as novas tecnologias – o virtual, o e-learning,… – estão presentes na atividade formativa da EDA? 
 

No passado mais recente, desde praticamente o início da pandemia, a formação passou a ser integralmente digital. Apesar da aprendizagem “online” já ser uma aposta da Academia EDA devido à nossa descontinuidade geográfica (exercemos as nossas atividades num arquipélago constituído por 9 ilhas onde as deslocações se fazem por via aérea) e ao tipo de horários de trabalho (muitos dos nossos colaboradores das áreas operacionais exercem as suas atividades em regime de turnos rotativos), a necessidade quer de manter as pessoas seguras, quer de continuar a assegurar formação às mesmas, ditou que nestes tempos a formação seja exclusivamente digital.

 
A EDA nunca parou durante a pandemia, antes pelo contrário, manteve as suas atividades mesmo com muitos colaboradores em teletrabalho. O facto de estarem localizados nos Açores – e, por consequência, já terem um maior desafio na comunicação entre ilhas e com o continente – facilitou a adaptação a este “novo normal”? 
 

A tecnologia é um recurso fundamental para uma empresa do nosso ramo de atividade, ainda mais se atendermos à nossa condição arquipelágica. Diria que tem sido um processo bem-sucedido. Já há alguns anos que tínhamos desmaterializado muitos processos, sendo que nesta fase colmatámos algumas necessidades que emergiram como o tipo de equipamentos de ligação digital facilitados a todos os colaboradores.

 
Na sua opinião, o que distingue uma Academia de um departamento de formação?
 

A estratégia. O que é habitual nos departamentos ou outros órgãos de formação é procurarem responder às necessidades de formação dos seus colaboradores. Uma Academia deve refletir a visão estratégica da gestão para o negócio e em relação à forma como se quer posicionar em relação ao seu contexto.

 
Por fim, uma mensagem, com os olhos no futuro, a todos os que acompanham as nossas newsletters…
 

Como já referi, as crises geram oportunidades; os desafios criados pela situação atual poderão ser aproveitados para acelerarmos a transição digital e transformar as organizações e o seu capital humano num todo mais robusto e resiliente.
 

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VISÃO: António Castro Freire, Deputy Chairman do Grupo Bensaude

Grupo Bensaude: experiência de 200 anos dá resposta aos novos desafios

Qual tem sido a estratégia do Grupo para lidar com os impactos da pandemia?

Enquanto entidade empresarial principalmente atuante na Região Autónoma dos Açores, o Grupo Bensaude tem enfrentado o momento atual com prudência e com uma atitude de solidariedade para com os seus trabalhadores, clientes e parceiros.
Antes mesmo de o Governo Regional dos Açores implementar a sua política de confinamento, foram imediatamente desenvolvidas medidas de proteção dos trabalhadores, intensificadas as ferramentas de comunicação internas (com informação detalhada sobre o COVID-19 e sobre o enquadramento das medidas internas introduzidas nesse âmbito) e preparados planos de contingência a tempo de estarem operacionais e testados pelos atores nas várias empresas envolvidas.
Iniciámos um briefing, atualizado 2 ou 3 vezes ao dia, com a descrição da situação epidemiológica regional, nacional e mundial. Interagimos, quase que diariamente, com o Governo regional dos Açores com o qual procedemos a uma troca sistemática de informação sobre os procedimentos por nós adotados e sobre as consequências económicas e sociais das medidas por este previstas e/ou deliberadas. Identificámos quais as maiores carências do Sistema Regional de saúde, tendo a nossa organização sido a primeira nos Açores a contribuir para reduzir as necessidades hospitalares, através da doação de ventiladores para os hospitais de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta.
Quais foram as principais medidas do Grupo Bensaude? 

Enquanto Grupo económico com 200 anos de existência, pareceu-nos indispensável transmitir aos colaboradores confiança na organização e incentivar a sua abertura à mudança. Desenvolvemos ferramentas possibilitando a prática do teletrabalho de forma generalizada, optámos por colocar em regime de lay-off trabalhadores cuja atividade foi suspensa, antecipámos um projeto de vendas online e de entregas ao domicílio, introduzimos maior mobilidade (transitória) de trabalhadores entre empresas, antecipámos projetos cuja concretização fosse conciliável com o confinamento (desenvolvimento de sites informáticos, aceleração de obras em hotéis, introdução de novas ferramentas tecnológicas de apoio às novas práticas, nomeadamente ao teletrabalho).
O que destaca, na sua visão, para enfrentar – e comunicar – estes desafios?

A mobilização e a confiança dos colaboradores foram e são alicerces fundamentais da necessidade de adaptação ao momento atual e, quiçá, ao futuro. No CEO encontrámos inspiração, prudência, contacto e informação permanente com decisores políticos e empresariais no país e na região. No Diretor de Recursos Humanos análise rápida e ampla das políticas de manutenção dos postos de trabalho a par do diálogo com os trabalhadores mais prejudicados pela perda temporária das suas funções, na CFO estudo detalhado dos mecanismos financeiros, públicos e bancários principalmente, para reforço da tesouraria e maximização das disponibilidades, tendo em conta a incerteza que caracterizará o funcionamento da economia em geral em 2020 e 2021 e as suas repercussões sobre a economia insular. Nestes responsáveis de topo assenta a prudência da gestão. Na comunicação interna, transparente, abrangente e orientada para a proteção dos trabalhadores, reside, em boa parte, a confiança dos colaboradores. Nos demais gestores de topo, a adaptação das suas empresas e dos seus negócios, em velocidade acelerada.

E quais serão os próximos passos?
A revisão global dos investimentos e dos projetos aprovados para o período 2020 a 2022 encontra-se em curso. A esta se seguirá uma atualização da reflexão estratégica sobre os objetivos a médio prazo. O mote será o de proteger o presente e o futuro das empresas do Grupo Bensaude, acelerar a digitalização da organização, introduzir duravelmente, quando aconselhável, a prática do teletrabalho, permanecer atentos a novas oportunidades, dentro e fora da região em que o Grupo Bensaude opera.

A MY CHANGE tem como propósito apoiar processos de mudança na vertente das Pessoas e procura, neste momento único, partilhar a Visão dos que estão ao leme das organizações.
Agradecemos a contribuição de António Castro Freire e convidamos a ler as próximas.